domingo, 27 de dezembro de 2009

A Bolinha Azul (The Blue Marble) - primeira foto da Terra, tirada da Apollo 17 em 1972.











Hoje fui ao cinema assistir Avatar, após tanto ouvir de amigos que o filme é mesmo emocionante e que valia a pena e eu adoro ficção científica, estórias fantásticas ainda mais com uma lição no final, sabe como? É, ultimamente estou mais disposta a ver coisas que me deixem bem, que me façam refletir e que me acrescentem de alguma maneira.

Bom, eu fiquei interessada em ver qual é desse filme, ademais eu já havia assistido ao trailer e me interessei por toda aquela computação gráfica que é realmente genial.

Fui. Gostei. É claro que se trata de uma mega produção hollywoodiana onde é muito difícil esperar que não haja o tablóide americano ao seu exército num filme de guerra, ataques etc e tal, enfim, é sim esperado sempre aqueles clichês próprios dessa ordem de roteiros; seus guerreiros, seus horóis e a típica valentia insolente que é praticamente inerente ao soldado americano e que a grande maioria dos cidadãos estadunidenses, os tipos nacionalistas ao extremo, tanto reverenciam.

No mais, deu pra filtrar e tirar algum proveito disso, afinal foi diferente e interessante perceber por um momento no filme que estava torcendo (acredito que não era a única naquela sala) contra os invasores, no caso os humanos, naquele planeta alienígina. É, eu me dei conta que ao contrário daqueles enredos de ataque alienígina ao nosso planeta, era um sobre o ataque humano a um planeta alienígina. Aí que está a ironia e por isso achei original a idéia. Eu torço sempre contra a violência e graças à Deus sei que não sou a única, só que eu não creio que a guerra seja necessária em hipótese alguma, por isso talvez me sensibilizei, mas não foi só isso. Ao que assiste Avatar sente-se comovido com a estória, pois não é diferente aqui no nosso planeta Terra, toda a destruição, a interferência do homem na natureza e a insistência em ignorar uma ordem maior e toda a nossa conexão e participação nela. Sabe, eu saí do cinema, que fica num shopping center da zona sul do Rio e fiquei observando aquelas pessoas com suas roupas, acessórios, sacolas, seus cachorrinhos, seus saltos altos ou sandálias havaianas "super-tendência" - grilhões de luxo, suas vidinhas medíocres e obsoletas e os meninos marginais passando e pedindo e todo o desconforto ou a indiferença que eles geram nessa sociedade que prefere acreditar em Papai Noel. É, porque o que parece pra mim é que essas pessoas ainda acreditam, não no bom velhinho, aquele que as criancinhas esperam na madrugada do dia 25 de dezembro; estou querendo dizer que o que me ocorreu naquele instante foi que o mundo está em transe, daí lembrei de um dos livros mais realistas que já li que foi "O Admirável Mundo Novo" (Brave New World), de Aldous Huxley, onde as pessoas eram controladas quimicamente pelo "Soma", uma droga que as impedia de qualquer questionamento, inclusive mesmo o do por quê tomá-lo e, portanto, as deixavam vulneráveis talvez à tirania mais assustadora de todas, que é a que é velada, oculta, que nos entorpece a tal ponto de não conseguirmos identificá-la e perceber que estamos todos escravos e que o próprio sentimento de liberdade produzido pelas sociedades capitalistas fazem parte do plano, é um slogan preconizado por essa sociedade e é utilizado para cercear o nosso direito de ser livre. É a alienação geral, da qual ainda não posso me julgar totalmente assintomática. Porém eu tenho sentido isso cada vez mais, principalmente depois que me mudei do interior de Minas Gerais pro Rio de Janeiro e venho assistido a olhos vistos (e vivos) e nus o sequestro da humanidade pela própria humanidade.

Às vezes eu penso que todos esses valores (morais, éticos, cristão etc.) são fruto também de um governo dos que querem extrair, explorar, consumir, auto-consumir até a última gota, do último trapo de existência e toda essa ganância, como é mostrada no filme Avatar, é produzida por um sentimento profundo de medo de acabar, medo da escassez e, mais ainda, o próprio medo de deixar de existir. Querer perpetuar, dominar a morte, o fim, e ansiar ter poder sobre o fim. É sim um paradoxo louco, esquizofrênico do único ser vivo que acredita que pode e tem o poder de manipular o que é real, o que é natural e só o natural é real. O que acontece também é que ultimamente sempre ao final da minha reflexão inesgotável eu sinto com toda minha alma que isso tudo, todo esse desvario humano é senão também um ato próprio do que está para se libertar e encontrar o que é verdadeiramente essencial. Por isso continuarei torcendo pela humanidade, acreditando que nós nos salvaremos no final.

sábado, 26 de dezembro de 2009

❝Tudo começou quando Mita abriu o livro e já na primeira frase daquele primeiro capítulo ela sentiu que estava para viver uma estória fascinante!❞

~~~~~~~~~~~ ❧ ~~~~~~~~~~~


foto: Tchello

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

in an empty jar










directions

no north no gain

no where to go

following

instructions

claim to feel fine


I've lost my way back

to where else

home

my sweet home


help me

distract me

gimme a place in an empty jar

DESCABELADO

Vamos faxinar, meu bem
esse salão
e o que convém
Tudo o que tem

Vamos arrumar alguém
para dançar também
nesse salão
com o que tem
e me convém
ir mais além

Venha com o sabão
lustrar o chão
pintar de blue
aquela parede
e não se esqueça
de escrever
naquele canto
algum lugar
que assossegue

Vamos faxinar alguém
nesse salão
pintar no chão
aquele lugar blue
naquele canto sossegado, ui
senti que vem
talvez convenha
ir mais além, meu bem
não se detenha
parei, lancei
desinibida
descabelei
tirei a fita
Quero ter sentido
Ter ficado
presente

Mas o que eu sinto pode parecer menos importante
Tudo o que eu disser
Já foi dito antes.

É sentir...
É meu sentido
Mesmo os argumentos
que se afastam de mim
não cabe distinção
e sobra sanidade
quando há coragem de ser insana
Talvez
um pouco de alegoria
Faça bem
e inventar
faz bem também
inventar faz bem também

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Maria Gabriela Llansol




Comecei a ler hoje o livro "Um falcão no punho", da escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol (foto).

na página número 8, dito: [...]"A libertação de poder escrever e imprimir eu própria. Escrever não é um protesto de inocência?
Dobra tua língua e articula.
Dobra tua língua e articula."

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

blá-blá-blices fundamentais





Eu sempre tenho uma coisa a dizer, não pra alguém, não necessariamente a ser publicado. Perdi a conta dos posts não postados, guardados aqui mesmo no arquivo desse blog, quase na mesma quantidade dos que já foram publicados.

Talvez esse seja mais um. Não sei agora onde isso vai dar. Provavelmente mais um rame-rame filosófico, se bem que não tive agora uma boa idéia nem nada. Os momentos da minha vida falam por si mesmos, não precisam de nenhuma interpretação ou racionalização minha. Estão acontecendo e a cada dia uma surpresa, algo diferente que merece minha atenção e às vezes, quase sempre mesmo, tenho vontade de relatar isso, de escrever, de expor como é receber até o que num primeiro momento pode parecer injusto ou ruim, como tá sendo viver cada um desses momentos, tudo o que ocorre. Daí, à medida que vem chegando a "encomenda", me dá uma vontade incontrolável de registrar o que está sucedendo dentro de mim e então eu vou colocando aqui, nesse moleskine virtual, assim como eu tenho carregado na bolsa um caderninho de anotações e uma caneta, porque eu acredito no poder desse exercício pra mim.

Ontem eu li no blog da minha amiga Dani sobre como ela organiza seus pensamentos e criações. Por enquanto, no meu caso, está sendo diferente, vou jogando tudo assim sem me impor ou estabelecer qualquer tipo de ordem. Vai tudo pra dentro desse caleidoscópio, porque eu sou mesmo desse jeito (ainda) e não tenho, por enquanto, pretensão de mudar. Que seja nonsense! Que pareça assim para os outros, não me importo mesmo. Hoje não vou me preocupar com qualquer julgamento, nem mesmo o meu, e esse costuma ser o mais implacável. Tenho que admitir, no entanto, que venho mudando, venho me arriscando mais, me expressando cada vez mais, sem tanto medo.

Muita coisa já foi mudada; meu comportamento, pensamento, a maneira como venho olhando as coisas ao meu redor, a vida...

Não há nada de pretensioso nisso, nem vou me justificar. Só estou dizendo isso porque nessa época do ano eu acho bom agradecer, avaliar todas as coisas boas que eu fiz durante esses quase 12 meses, tudo aquilo que já mudou em mim, só uma listinha de gratidão que aprendi a fazer. Afinal me cansei de ficar só reclamando de tudo aquilo que eu não consegui e não consigo ainda cumprir e também de ficar invalidando o que já estou realizando.

Tá tudo acontecendo muito rápido, sem muita trégua, mas é claro que existe também tempos de ressaca, como a do mar, quando eu me sinto solavancada pela vida e por tudo o que é real.


Pra sair um pouco das elucubrações teóricas (achei engraçado agora - como se também isso fosse possível)...
--- Como eu disse antes, eu já percebi que a vida não carece disso e viver tampouco, mas vou só explicar porque tanta observação, porque eu tenho dito tudo isso. ---

Todas as notícias que eu tô recebendo estão me servindo pra me mostrar a minha impotência perante muita coisa. A aceitação dos fatos tal como eles são, sem mistérios nem nada, tudo o que ocorre ao meu redor e como eu reajo à isso; as pessoas e seus comportamentos, pricipalmente os auto-inflingidos, a minha vontade de fazer algo com relação a isso tudo, de querer mudar o outro, de tomar conta do outro, de salvá-lo de si mesmo, de fazê-lo pelo menos ver sob um outro ângulo, de mostrar que pode ser mais confortável, melhor. Enfim, saber o que cabe a mim mudar ou não, tudo isso ainda é muito complicado. E quando me pedem ajuda e eu não tenho como ajudar? Ou se por acaso o que solicita ou roga essa ajuda não aceita o que eu tenho a oferecer, se não era o que a pessoa esperava?
--- Eu aprendi que quando eu peço ajuda não tenho que ficar "escolhendo a cor da bóia", se ela vai me salvar, me tirar do afogo e talvez seja a única que esteja ao meu alcance no momento, eu não tenho que questionar muito, né não? ---


Entregar, deixar à Deus o que é de Deus e ao homem o que é do homem - acho que é mais ou menos assim que funciona. Aí, o que cabe a mim fazer? Qual é a minha parte? Até onde eu posso deixar à Deus e à natureza em toda sua força e sabedoria o curso dos fatos, até mesmo porque no final das contas não costuma sair do jeito que eu esperava. E o que é esperado que eu faça?

Eu já presenciei, já senti as manifestações de Deus, pequenos instantes de epifania. Eu percebi por experiência que todas essas manifestações são sempre muito amorosas e quando eu me dedico a prestar atenção nessa regência deveras matemática do que opera tudo eu me maravilho e humildemente reconheço minha fragilidade, minha pequenez, minha ignorância, ou melhor, minha inocência por querer e achar que eu posso governar minha vida e participar da direção da do outro também. Quanta prepotência! Santa prepotência!

--- É, eu acho isso lindo também! É humano! Eu sou assim mesmo, humana! ---
Eu sou livre para agir, mesmo que seja estúpido tentar, é sempre válido, porque pode me levar justamente a esse reconhecimento e rendição de que definitivamente não depende de mim. Ou não...? É, talvez até dependa sim, em parte, porque quer eu queira ou não eu sou participante ativa disso, mas ficar na tentativa de controle em hipótese alguma me garante o resultado que eu espero. Nada é tão seguro assim e, por isso mesmo, o é.

Daí eu me lembro do que um dia ouvi, acho que da minha mãe. A água só fica na minha mão em concha. Se eu tentar agarrá-la, segurá-la firme, ela se esvai, escorre entre meus dedos. É preciso que ela se aconchegue, se assente na palma da mão para não escapar, como num aconchego. Analogia simples assim.



Conclusão?

Vou acolher o que vem. E o que virá, Oxalá!




- Sabia que saía alguma coisa hoje! (rs) -

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

smokey eyes

Smokey eyes.

Let me see what I need to see.

I want a prospect to what a real life is.

I want it now!

I really want to stay here and look close
to be able to look forward.



Oh, smokey eyes,

Keep open.

Oh, smokey eyes.



I want to be guided,
by my own perception.

I wanna see.

I want to be sober and lucid
when the time comes
I want to be awake to a due course of time.

At this moment
I beg to be here and near.
I beg to be prepeared
to pay my self-determined pledge.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

À morte.

Ela é silenciosa.
É tranquila.
Ela é mais do que se pode ser algo.
Esteve presente antes mesmo do momento da primeira criação.

Anda descalça
Resiste ao sol, ao vento, à chuva, à seca,
ao relento.
Não é ruim, nem tampouco boa.

No mais, é amiga.
Talvez a única que mais me acompanha.
A cada nascer de dia
E a cada cair da noite.
A cada hora... a tempo.
Embora também não seja temporal.

E quanto mais tempo tenho ao lado dela,
E quanto mais a vejo, mais a respeito, a reverencio.
E quanto mais a aceito, mais aprendo com ela.

Ela é minha avó.
No entanto, não me garante mimos.
Ela é avó, porque não pode ser mãe.
E é sábia demais pra estar tão perto da minha geração.

Ela me conta histórias.
Ela me faz ninar.
Ela me abraça e me dá colo.
Ela está comigo.
Onde quer que eu vá, ela vai junto.

Em silêncio, paciente, certeira, com força.
Não é simpática, é simplesmente circunspecta.
Não é de agradar, mas não posso hoje negar que há algo de muito afetuoso nela.

domingo, 6 de dezembro de 2009

E quem disse que o amor é coisa de hippie?

Eu amo sim.
E amo, na medida que é, nem muito, nem pouco.
Amo meus amigos, meu homem, meu pet.
Amo minha família, meus companheiros, meus iguais.
Amo também o que é diferente de mim.
Amo a ordem das coisas.

Amo o que recebo.

Às vezes odeio, mas isso também é amar.
- não me passa indiferente, nada escapa desse amor.
Nem eu escapo desse amor. Não há fuga!

Na verdade, eu amo. É isso!
Nada de pieguice.
É mesmo só isso!
Amor, amor, amor.

Como me disse a terapeuta ao telefone há uma hora atrás:

- É tudo mesmo por amor!


Lugares onde eu passeio