sexta-feira, 26 de março de 2010

UM SALTO FROUXO DE MIM

Existe uma terrível batalha da perfeição

Mas não há que ser perfeito, poxa

Isso não existe e por isso mesmo

É tudo tão maravilhoso


Não pensar que é errado

Se é feito com paixão

É só mais uma tentativa

Uma nova tentação


E o que há além de mim

Além de estar apaixonada

Sempre apaixonada?

E às vezes tem

Uma certa indisposição


Eu preciso me mover

Literalmente utilizar

Meus braços

E pernas

E necessariamente

As cadeiras


E, quer saber,

não há ninguém que compareça

A presença aqui e lá sou eu

E aqui não há passagem pra você

E de lá se despeça

Só tem mesmo

Sua própria despedida daqui

E eu não vou me manter inerte


Vou continuar

A me mover

Literalmente utilizar

Meus braços

E pernas

E necessariamente

As cadeiras


Vou saltar

Um salto

Salto

Frouxo

De mim

terça-feira, 23 de março de 2010

Pandemia da imunidade - HUMANA, DEMASIADO HUMANA - aff!

"Nos indivíduos, a loucura é algo raro - mas nos grupos, nos partidos, nos povos, nas épocas, é regra." (Friedrich Nietzsche)

"Ninguém mais morre hoje de verdades mortais, há antídotos em demasia". (Humano, demasiado humano - Friedrich Nietzsche)



























O que tem ocorrido é que tenho feito confidentes e companheiros instantâneos de papos os motoristas dos taxis que eu tenho pegado.

O que é bastante interessante é que nos olhamos eventualmente pelo retrovisor e quase nunca nos vemos cara a cara, a não ser na hora de pagar a corrida quando alguns deles se viram pra dar o troco, após acender a luz interna do carro e daí nos vimos, mas de maneira muito rápida e não há também necessariamente a curiosidade de conhecer o rosto daquele homem (até agora nenhuma taxista) que ficou o tempo de uma corrida partilhando coisas às vezes muito íntimas de sua vida. E normalmente eu escuto mais do que falo.

Hoje o motorista que me trouxe até minha casa é um cara altamente vacinado; literalmente vacinado. Ele me contou que já tomou todas as vacinas que possam existir, até mesmo aquelas importadas, pois ele detinha também desses dados todos, das que vêm dos EUA, por exemplo (mas não viriam mesmo todas elas de lá? Bom, não sei mesmo... eu até tenho uma amiga que tem uma teoria, da mais pura teoria da conspiração mundial, que os EUA distribuem essas vacinas para implantar chips na sociedade e nos controlar. É possível, segundo o Agente Fox Mulder, não é Tali?).

Esse senhor me disse que fez uma vez um treinamento de sobrevivência, quando servia no exército e teve que tomar 16 vacinas! Fiquei me questionando se o verdadeiro treinamento de sobrevivência foi mesmo na selva.

No início desse papo imunizado ele tava me contando a revolta dele, após ter assistido a uma entrevista do Ministro da Saúde no programa da Gabi, por não poder ser vacinado até daqui há oito anos, quando terá o direito de tomar sua dose contra a Influenza A ou a Gripe Suína. É que o Ministro da Saúde disse em sua entrevista que não há quantidade de vacina suficiente para toda a população e que por isso algumas pessoas não terão esse privilégio (ou seria direito...? bom, não sei também) de receber sua injeçãozinha abençoada pela secretaria de saúde ou pelo Tio Sam, porque afinal é ele o grande bom velhinho farmacêutico daqueles que se encontram sob o pânico da doença sempre iminente, seja do porquinho, seja de um vírus de origem não tão carismática assim, que convenhamos, a imagem simpática do porquinho deu o que falar e vender, né? Então, esse senhor taxista é um desses pobres coitados. Eu sinceramente não absorvi muito bem a notícia a respeito do programa de vacinação, não tô nenhum pouco por dentro dela e nem tô afim de me vacinar no google contra qualquer equívoco de informação que possa por ventura cometer aqui nessa livre narração, até mesmo porque esse blog não tem como pretensão informar, noticiar nada, além de tão-só colocar aqui minhas observações sobre o que vejo e percebo nas minhas corridas de taxi, caminhadas, viajadas etc e tal.

Esse senhor motorista disse que se doar seu sangue, a pessoa que recebê-lo estará sendo brindada com uma riqueza sem igual de imunidade, o que já lhe salvaria do transtorno de ficar tempos numa fila de um posto de saúde pra receber aquela irritante picada da agulha. Que ótimo! Talvez isso deixa esse doador, em pleno gozo de sua cidadania, mais feliz, o deixa ainda satisfeito por dar a sua contribuição deveras moral àquele que possa não ser tão privilegiado assim.

Agora, a pergunta que não quer calar em mim desde que recebi meu troco e me despedi do senhor taxista super vacinado e muito simpático:

- Será que ninguém nunca pensou em questionar porque não há algum tipo de vacina contra a mediocridade humana... ou não será essa talvez menos indolor?

E, por favor, me entendam, eu não sou contra a vacina, só não sou a favor da pandemia mais real e danosa, aquela que está situada num nível mais psicológico, aquela que leva a humanidade ao estado de cretinismo absoluto.

É, acho que me expus à um alto nível de contágio com esse papo no taxi. De repente me senti contaminada por esse pensamento hoje e talvez hoje esse senhor taxista tenha me doado, não seu sangue vacinado, mas sua teoria bastante tóxica pra mim no momento, cujo o antídoto eu tomo agora com essa verborreia filosófica.


quinta-feira, 18 de março de 2010

chega de falar em parâmetros

chega de falar

em parâmetros

e quem, quem está aqui comigo agora, com a gente?


onde é que fica o meu, o seu?

certo e errado, não há!

ademais, se não sente nada, não tem que ficar tentando nada

nem tente se explicar



só eu e minha história

mora

reside sempre, infinita


e não me justifique tanto assim

não me olhe como dele

eu não sou dele! sou minha, sou eu agora, não vê?


e na veia é tanta sede...

é vontade regando a vontade

cabimento de vez

não carece esperar


não espere tanto

e largue tanto medo

pode não acontecer mais uma vez

pode não haver mais querer

posso querer não mais ficar

Lugares onde eu passeio