



Um silêncio de verdade
Que agora me acalma, não mais incomoda
Uma dor no peito, uma placa de dor consistente
A dor que pesa e a falta de palavras que levita ao meu redor
O momento de me encontrar e de me perceber
O tamanho das coisas vistas daqui de onde estou
Não mais o barulho de um lamento
Não mais a lágrima raivosa
Choro porque sinto tudo isso
Chôro que me faz crescer
Sinto a brisa
Sinto o mundo lá fora
Sinto o ritmo do que está fora em acorde com o tempo lento vibrando nas paredes da minha casa
Estou acordada
E estou desmaiada
Ainda tem em mim um pouco da vontade de que me procure e de que me capture
Vou tentar não me encantar por esse pensamento da espera daquilo que pode não vir
Tudo isso me fez chegar até aqui
E isso me serve, assim como me serve essa ausência
Aquela que sou continua me esperando no lugar marcado
Ela já havia me convidado muitas vezes
Agora estou chegando
Um descanso
Um engasgo
Um abraço
Depois do gozo
Um laço
Que desfaz outro laço
E aperta num nó na garganta
Vontade de chover temporais
De verão dentro dos meus olhos
Não por ser triste
É por ser livre
Um aconchego
Um livre suspiro
O sorriso aberto e sincero
De dois
Amantes
Nesse abrir do dia
Dessa estação que se encerrou
Vontade de chover temporais
E raiar
Ensaiar o ar da borboleta
Queimei aquela que já fui
Ao me arrumar
Pensei que seria melhor
Me despedir
Agradecer
Mas não distrair meu sonho
Transferindo uma outra coisa
Mudando assim de lugar
Passei aquele batom.
Engraçado...
O vermelho na boca já não é o tom que me serve
Pensei que seria melhor
Me despedir
Agradecer
Arrumei
Meu cabelo, que também
Não é mais o mesmo
E a maquiagem nos olhos
Borra mais agora
Pensei em despedir...
É melhor agradecer
Tenho tanto compromisso
Tenho que me esticar
E espreguiçar
Receber o dia
Que vem só pra mim dessa vez
Um presente.
Pensei...
Agradeço
Ao me despedir de você
Existe uma terrível batalha da perfeição
Mas não há que ser perfeito, poxa
Isso não existe e por isso mesmo
É tudo tão maravilhoso
Não pensar que é errado
Se é feito com paixão
É só mais uma tentativa
Uma nova tentação
E o que há além de mim
Além de estar apaixonada
Sempre apaixonada?
E às vezes tem
Uma certa indisposição
Eu preciso me mover
Literalmente utilizar
Meus braços
E pernas
E necessariamente
As cadeiras
E, quer saber,
não há ninguém que compareça
A presença aqui e lá sou eu
E aqui não há passagem pra você
E de lá se despeça
Só tem mesmo
Sua própria despedida daqui
E eu não vou me manter inerte
Vou continuar
A me mover
Literalmente utilizar
Meus braços
E pernas
E necessariamente
As cadeiras
Vou saltar
Um salto
Salto
Frouxo
De mim